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Com blockchain, cartéis bancários viram alianças

Mas, como já temos um cartel bancário bastante sério que protege nosso interesse do risco macroeconômico, precisamos "mudar" o setor financeiro, criando outro cartel?

A Microsoft, a JP Morgan Chase e outros gigantes corporativos anunciaram uma “pool de esforços” para criar uma aliança, a “Enterprise Ethereum Alliance”, uma espécie de novo ecossistema de computação que opera com base na rede da moeda virtual Ethereum.

De acordo com Matt Levine, um colunista da Bloomberg, tal iniciativa não é nada de novo. Novamente, alguém toma um sistema de blockchains publicas (Bitcoin, Ethereum para contratos inteligentes) e transforma-o em um ecossistema fechado regulado por grandes bancos.

De acordo com ele, em uma observação sobre tal aliança, pode-se ver que todos os sistemas de blockchain foram inicialmente criados com um objetivo: livrar as pessoas de atravessadores financeiros, na forma de grandes bancos, permitindo que outros participantes pudessem entrar no mercado financeiro.

A criação de um bloco fechado para contratos inteligentes nivela essa ideia e transforma a blockchain em apenas mais uma atualização aborrecida das tecnologias do setor bancário.

Ele ainda complementa em mais uma observação, dizendo que o sonho de uma blockchain maximalista real não se limita a se livrar de intermediários. A meta é usar um bloco universal para tudo: para registrar dados pessoais, informações de transferência de dinheiro, dados comerciais e geralmente para qualquer coisa.

Por exemplo, as empresas de transporte poderiam acompanhar o movimento de suas cargas na mesma blockchain onde os pagamentos foram feitos e eles não teriam que entrar em contato com os bancos para fazer pagamentos em seus próprios sistemas de blockchain.

A realização de acordos sobre transações com títulos poderia se tornar instantânea, uma vez que tanto os papéis como o dinheiro funcionariam no mesmo ecossistema. A criação de diferentes blockchains para fins diferentes não representa nada radicalmente novo.

Sim, agora os bancos serão capazes de ver quem tem o dinheiro, os intermediários nas transações de ações saberão quem tem as ações e as empresas de transporte serão capazes de monitorar o movimento de sua carga.

Mas a ligação de tal funcionalidade a diferentes blockchains, e não a bases de dados diferentes, é apenas base para toda a atualização tecnológica, mas não um avanço revolucionário.

E Matt Levine está absolutamente certo, na melhor das hipóteses, é a atualização do sistema existente; e na pior das hipóteses uma reversão para um modelo menos eficiente que irá fortalecer a cartelização e facilitar a colusão no setor bancário e na esfera de gerenciamento de risco.

Ao mesmo tempo, a maioria dos participantes na aliança recém-formada tão frequentemente declarou suas intenções de criar algo semelhante, ou seja mais do mesmo que temos agora, algo que não deveria de forma alguma ser relacionado a uma blockchain.

Para ter-se uma ideia de como as corporações se relacionam com o jornalismo e relações publicas, devemos mencionar que a noticia sobre a formação dessa aliança foi apresentada como “material exclusivo” e, de imediato, para seis dos maiores meios de comunicação.

Obviamente, os chefes corporativos têm certeza de que esses jornalistas – que receberam a informação exclusiva – perderam a capacidade de entender que “aliança”, nesse caso, é apenas um eufemismo para “cartel”. Mas o fato de que os grandes bancos pretendem usar a blockchain (dificilmente bem-sucedida) para entrar em colusão, ficou claro.

Deve-se esclarecer que os bancos têm sempre gravitado em direção a formações de cartel com custos artificialmente inflados de capital, uma vez que os bens do setor bancário (confiança) têm zero custo de produção marginal.

E isso torna os bancos vulneráveis ao dumping, que, como aplicado aos bancos, significa atrair clientes à custa do dinheiro de outros clientes, ou seja, fixar baixas taxas de juros para clientes e, simultaneamente, garantir aos investidores uma renda inflacionada.

Mas, como já temos um cartel bancário bastante sério que protege nosso interesse do risco macroeconômico, precisamos “mudar” o setor financeiro, criando outro cartel?

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