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Computaçao quântica e criptomoedas – será que sua carteira está sob risco? Provavelmente, sim

A computação quântica pode estar mais perto do que pensávamos, graças a uma série de métodos científicos recém-desenvolvidos.

Se 2017 foi o ano no qual as criptomoedas receberam notoriedade pública – mesmo não sendo algo nada novo – talvez 2018 seja a vez da computação quântica – que tambem não é algo tão recente. Computadores quânticos foram idealizados teoricamente desde os anos 80 (em uma década na qual nem os computadores clássics eram muito poderosos) por nomes como Richard Feynman e Yuri Manin. E esse holofote talvez se vire para a computação quântica porque, depois de empresas como Google, IBM e agências governamentais investirem em peso na tecnologia, ela finalmente saiu do papel e conquistou avanços imprevisíveis nesse sentido.

Nesse ponto, é importante notar que as carteiras de criptomoedas são atualmente absolutamente seguras porque utilizam criptografia – isto, claro, é o pilar sobre os quais elas foram construidas. Em especial, carteiras utilizam um tipo de criptografia de chave pública e chave privada. Para receber criptomoedas, o usuário fornece sua chave pública, que pode ser uma série alfanumerica ou, se preferir, um código QR. A chave pública “abre a carteira”, mas só consegue inserir recursos nela, enquanto a chave privada “abre a carteira” e retira as criptomoedas para pagamentos. Essas transações são “traduzidas” da criptografia nativa de cada chave, com a permissão do “dono” delas, autenticadas e, finalmente, se válidas, inseridas no publlic ledger – na grande maioria dos casos, como do Bitcoin, Ethereum e quase toda as criptomoedas mais populares, a Blockchain. Apesar de não ser impossível deduzir uma chave privada atraves de uma pública, não há poder computacional e nem energia suficiente em todo o planeta que possa conseguir fazer isso com “força bruta”. Esse tipo de critptografia necessitaria, para ser quebrada, da resolução de problemas matemáticos impensavelmente difíceis (usualmente, o problema de fatorização de integrais ou do logarítmo discreto da curva elipitica)

Computadores tradicionais, mesmo os mais poderosos, processam bits, estados de 0 ou 1, que são ultimamente traduzidos em informação, como letras, imagens, etc. É claro que, quanto mais complexa a informação, mais sequências de 0 ou 1 seriam necessárias. É por isso que, para quebrar uma carteira de criptomoedas, seria necessária uma infinitude de bits maior do que qualquer supercomputador consegue processar por muitos anos. Computadores quânticos, por sua vez, fazem uso da física quântica para processar qubits. Qubits são estados quânticos diversos de uma esfera (muito além de 0 ou 1) – é por isso que uma informação processada em um computador quântico necessita de muito menos qubits que um computador tradicional necessitaria de bits. Por conta disso, um processador quântico possui um poder computacional muito maior que um processador clássico equivalente.

Esse tipo de avanço tecnológico permitiria coisas impensáveis. A preocupação, no entanto, está no fato de que tal tipo de computador também poderia quebrar quase todo tipo de criptografia atualmente utilizada, desde bancos até carteiras de criptomoedas.

Algorítmos quanticos são algoritmos que só podem ser executados em um computador quântico, incluindo o Algorítmo de Shor, que foi formulado em 1994 e resolve o problema da fatorização de integrais (dado um integral N, encontre seus fatores primos). Com isso, seria possível encontrar a solução para aqueles problemas matemáticoos extremamente difíceis nos quais a criptografia tem sua fundação. Desde 2006, pessoas preocupadas com isso têm organizado a Conferência de Criptografia Pós-Quântica, com o objetivo de divulgar a importância da aplicão de criptografia resistente a possíveis ataques quãnticos.

Computadores quânticos eram uma possibilidade teórica, plausível apenas no papel, então nunca se foi dada uma importância generalizada para esse tipo de proteção. Em 2016, no entanto, a IBM anunciou o lançamento de um computador quântico funcional, com um processador de 5 qubits. Tal computador não é capaz de fazer muito mais do que um supercomputador tradicional poderia, mas o significado que isso carrega é poderosoo: computadores quânticos podem, realmente, existir fora do papel. Desde então, os avanços têm sido extremamente rapidos. O MIT lançou uma compilação de todos os resultados praticos na área desde então (2017), incluindo contribuiçoes do Google, Intel e agências governamentais. Mais recentemente, há alguns meses, o Google lançou um computador quântico com 72 qubits, se aproximando da supremacia quântica. Tal supremacia é atingida quando um computador quântico consegue resolver um problema impossivel para qualquer computador clássico. Como o algorítmo de Shor.

Os avanços nessa velocidade trazem à tona, finalmente, a importância da criptografia pós-quântica: enquanto tais computadores estão dando seus primeiros passos no sentido realista, a supremacia quântica pode ser atingida mais rápido que o pensado alguns anos atrás.

Pensando nisso, algumas criptomoedas já adotaram esse tipo de proteção em suas criptografias, estando a QRL (Quantum Resistance Ledger) na vanguarda dessa tecnoloogia, além da IOTA, que também já conta com esse tipo de proteção. Algumas das criptos mais populares já anunciaram em seus roadmaps a adoção da criptografia pós-quântica, como Cardano (ADA) e NEO.

A maioria das criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, no entanto, não possuem capacidades criptográficas pós-quânticas e, portanto, suas carteiras são vulneráveis, teoricamente, a este tipo de ataque. Espera-se que, já que prevenir é melhor que remediar, nós próximos anos e o quanto antes, mais atenção seja dada a isso por todos os sistemas que usam criptografia sem esse tipo de proteçao, e que, no momento, são a maioria. Enquanto isso não acontece, sim, a sua carteira de Bitcoin está vulneravel a ataques quânticos.

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